Governo assiste ao desembarque do PMDB e teme contaminação da base.

O governo manifestou forte preocupação com a decisão do PMDB do Rio, anunciada quinta-feira, de abandonar a presidente Dilma Rousseff. A debandada da ala fluminense do partido, principal eixo de sustentação da petista, praticamente sela o desembarque do governo que o partido deverá oficializar na reunião do diretório nacional, na próxima terça-feira, diz um assessor do Planalto. Uma fonte próxima a Dilma avalia ainda que, com a saída do PMDB, fica muito mais difícil vencer a guerra contra o impeachment, inclusive porque o anúncio pode fazer outros partidos aliados, como o PP, seguirem o mesmo caminho.

— É gravíssimo, um sinal muito ruim. Fortalece enormemente o movimento de terça-feira. O PMDB do Rio era o principal eixo de sustentação do governo dentro do partido, não tinha ala mais governista no partido do que a fluminense. Vai nos exigir um esforço imenso de negociar deputado por deputado a manutenção da aliança. Desarma muito o governo — avalia um integrante do governo.Assim que foi oficializada a posição do PMDB fluminense, tanto Dilma quanto o ex-presidente Lula ligaram para o ex-governador Sérgio Cabral, um dos principais caciques do partido no Estado, para pedir ajuda para estancar a sangria. Segundo relatos de peemedebistas, Lula estava “desesperado” e a conversa foi “fria” e “para falar o óbvio”. Cabral, que liderou a tomada de posição do partido ao lado de Jorge Picciani, presidente do PMDB no Estado do Rio, e do prefeito do Rio, Eduardo Paes, avisou aos petistas que nada poderia fazer para ajudar, pois já é tarde demais. O PMDB do Rio avalia que não tem nada mais a ganhar com o acúmulo de desgaste de defender o governo, enfrentado principalmente pelo líder do partido na Câmara, o deputado Leonardo Picciani, eleito com auxílio do Palácio do Planalto. Picciani ainda não sinalizou que posição deverá tomar, mas seus passos serão observados com atenção pelo governo.