Grupo LGBTI pede ao governo Bolsonaro para reconhecer as diversas formas de família

Entidades que lutam pelos direitos LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais) pediram nesta quinta-feira (20) à futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que o governo de Jair Bolsonaro reconheça as diversas formas de família.

O encontro aconteceu no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, sede do governo de transição. Em nota (leia a íntegra mais abaixo), Damares disse somente que “abre-se uma porta de diálogo entre a comunidade LGBTI+ e o governo Bolsonaro”.

Durante a reunião, o grupo entregou a Damares Alves o documento “O que queremos do Estado brasileiro”, no qual são registradas as demandas para o período entre 2019 e 2022.

Entre os pedidos formalizados ao futuro governo está o reconhecimento “das diversas composições de família, inclusive as famílias homotransafetivas, garantindo-lhes acesso às mesmas políticas sociais que as famílias tradicionais”.

Presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis relatou que Damares citou os direitos adquiridos das famílias e se comprometeu em dialogar com os movimentos.

“Deixamos claro que a maior parte dos movimentos não votou em Bolsonaro e fomos muito bem recebidos”, disse Reis ao G1.

‘Riscos’ à família

Pastora evangélica e advogada, Damares integrará a equipe ministerial de Bolsonaro, que tomará posse em 1º de janeiro. O presidente eleito costuma dizer que, para ele, família é a união entre homem e mulher.

Damares já abordou o tema em uma palestra de 2014, cujo título era “Riscos que corre a família brasileira”. Ela disse que, à época, estava preocupada com um decreto presidencial editado em 2009 pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Damares, o texto declarava “que a família brasileira tem que ser destruída”.

O decreto mencionado na palestra trata do Programa Nacional de Direitos Humanos e estabelece a “desconstrução da heteronormatividade” porque é preciso “incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais”.

“Eles querem muito mais que construir no Brasil a homonormatividade. Eles querem, pior, destruir a heteronormatividade. Isso me preocupa muito, mas eu gostaria que esta nação tivesse outro decreto. Sou cristã, pastora e a minha regra de fé é a Bíblia”, disse Damares na ocasião.