Vereadores da capital desistem de reajuste de 26% e congelam salários até 2020

Os vereadores de Campo Grande decidiram manter seus próprios salários nos atuais R$ 15.031,76, e do prefeito em R$ 20.412,42. A votação em plenário na Câmara Municipal ocorreu nesta quarta-feira (21). Se fosse efetivado acréscimo aprovado em 2014, os parlamentares receberiam a partir de 2017 R$ 18.991, o que representa reajuste de 26,3% e 22 salários mínimos.

A votação aconteceu há pouco e contou com 22 votos favoráveis à manutenção e nenhum contrário. Segundo o presidente da casa de leis, vereador João Rocha (PSDB), “foi por entendimento dos vereadores acabamos de marcar um ponto de responsabilidade com a cidade. Apesar de já termos garantido o salário aprovado em dezembro de 2014, entendemos que o momento é de reduzir o salário”.

Além da manutenção do próprio salário, os parlamentares também mantiveram a remuneração do prefeito R$ 20 mil e dos secretários em R$ 10,7 mil. Em 2014, havia sido aprovado acréscimo que levaria o salário dele para R$ 25 mil.

Contra o aumento, diversas pessoas organizaram abaixo-assinado e protesto na casa de leis nesta manhã.

De acordo com os parlamentares, a decisão de manter foi tomada em reunião na terça-feira (20). Eles não falam em congelamento dos salários, mas sim redução, já que a elevação para quase 19 mil já havia sido aprovada e passaria a valer a partir de 1º de janeiro de 2017.

“Acho que o salário tem de permanecer como está, mas esta atitude precisa ser estendida para os demais poderes. Toda a sociedade precisa dar sua parcela de contribuição neste momento de crise”, disse o vereador Lívio Leite (PSDB).

Otávio Trad (PTB) disse que os vereadores levaram em conta a crise que vive Campo Grande. “Houve consenso de manter o salário no mesmo valor”. Ele afirma que, da forma como foi aprovada hoje, os parlamentares ficarão sem reajuste até 2020, pois o aumento na casa de leis acontece a cada quatro anos, no início da legislatura. “Não é congelamento, é redução”, completa Eduardo Romero.

O prefeito eleito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), disse ontem que era contra aumentar o próprio salário, dos membros de seu primeiro escalão e dos vereadores. Ele afirma ter pedido a João Rocha a revisão do acréscimo aprovado em 2014.

O aumento nos salários da casa de leis é proporcional e o limite definido é de 75% da remuneração recebida pelos deputados estaduais, que hoje é de R$ 25.322,25. Ou seja, se fosse aprovado, os vereadores receberiam R$ 18.991.

Os 75% do teto representa quase 22 salários mínimos, que hoje está em R$ 880, e significam 26% de reajuste em relação ao atual salário. O aumento também é bem maior que a inflação deste ano, que é 6,99%, índice repassado a maioria dos trabalhadores brasileiros. O salário atual representa quase 18 salários mínimos.

 

Mayara Bueno e Alberto Dias