Especialista em acordos, Figueiredo Basto diz que prioridade é tirar senador da cadeia
SÃO PAULO — O advogado Antonio Figueiredo Basto afirmou que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) não vai fazer acordo de delação premiada e que a prioridade da defesa é ingressar com habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele responda em liberdade. Delcídio está preso desde o dia 25 de novembro e é acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato. Basto foi o responsável pelo acordo de delação premiada do doleiro Alberto Youssef e Delcídio teria recorrido ao advogado com a intenção de se tornar também um colaborador da força-tarefa da Lava-Jato.
— Não existe essa possibilidade (fazer a delação) — disse Basto.
A prisão do senador foi autorizada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, com base em gravações entregues à Procuradoria Geral da República por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. O senador é suspeito de oferecer uma mesada de R$ 50 mil por mês à família de Cerveró para que ele não fosse citado na delação premiada do executivo. Na gravação, feita com a presença do advogado Edson Ribeiro, também preso na Lava-Jato, são feitos comentários sobre um plano de fuga de Cerveró, caso conseguisse habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. Ao jornal Valor, Basto afirmou que as provas são ilícitas.
A possibilidade de o senador Delcídio do Amaral firmar acordo de delação na Lava-Jato preocupa outros envolvido na investigação. Delcídio foi diretor da Petrobras e Cerveró foi um de seus apadrinhados na empresa. Segundo o delator Fernando Soares, o Fernando Baiano, o senador recebeu US$ 1,5 milhão de dólares de propina pela compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras. O negócio resultou em prejuízo de mais de US$ 700 milhões à estatal.