té 2019, Brasil e Espanha estarão conectados por um cabo submarino de fibra óptica para tornar mais eficiente e segura a troca de dados entre a Europa e a América do Sul. O anúncio foi formalizado na última semana. No Brasil, a estação costeira do equipamento ficará em Praia Grande, no litoral de São Paulo.
Segundo informações da Telebras, estatal ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, o cabo terá 10,2 mil quilômetros de extensão e fará uma conexão em Fortaleza (CE). O investimento total calculado é de, aproximadamente, R$ 660 milhões (ou 212 milhões de dólares).
Em um evento ocorrido em São Paulo, em abril, representantes dos dois países ressaltaram que o cabo vai facilitar e tornar mais rápida a troca de dados entre os continentes. Além disso, também vai possibilitar com que as informações tenham mais segurança ao serem processadas na rede.
O cabo é chamado de EllaLink. Não por acaso, uma vez que é resultante da parceria entre a Telebras e a espanhola EulaLink. Segundo a gerente de planejamento, controle e inovação da estatal brasileira, Tatiana de Oliveira Costa, os estudos começaram há cinco anos, mas agora começam a ser concretizados.
“O projeto passou por adaptações. Estamos na fase da captação de recursos, mas estamos certos de que as intervenções (obras) começam ainda em dezembro deste ano, a partir da estação de Praia Grande”, informa. A previsão é que a implantação ocorra em até dois anos, com o sistema já operando.
Em termos práticos, segundo Tatiana, são os usuários da internet é que vão ser beneficiados. “Certamente vão sentir uma diferença, uma vez que a maioria dos dados que saem do Brasil para Europa passam, atualmente, pelos Estados Unidos. A partir do EllaLink, a conexão será direta, sem nenhum intermediário”, explica.
A velocidade de transmissão prevista é de 72 terabits por segundo. A expectativa é que a estrutura, composta por um anel de fibra óptica blindado, também seja interligada, a partir de um novo investimento, ainda a ser planejado, ao arquipélago de Fernando de Noronha (PE), onde o acesso à internet é limitado.
A princípio, o projeto prevê o lançamento do cabo óptico ao mar com instalação dos equipamentos de transmissão e a construção de estações terrestres. Na Europa, ele será aterrado na região de Sines e seguirá por terra até Lisboa, ambos em Portugal. A base final, porém, será em Madri, na Espanha.
No Brasil, a estação final será em Barueri, na Grande São Paulo. “Em Praia Grande, já estamos com o terreno alugado e pronto para receber o cabo. Os estudos no mar também já foram realizados e o traçado marítimo já está definido”, conta Tatiana. Um mapa ilustrativo foi divulgado pela empresa (abaixo).
A Prefeitura de Praia Grande informou, por meio de nota, que a estação será no Bairro Mirim, entre as Ruas 1º de Janeiro e Álvaro dos Santos. Em razão das intervenções já previstas, a cidade receberá melhorias na infraestrutura urbana e da orla, na sinalização e também no sistema de drenagem.
Em paralelo, a multinacional americana Google deve finalizar até o final deste ano a instalação de um outro cabo de fibra óptica entre São Paulo (RP) e Rio de Janeiro (RJ). No litoral paulista, a estação de aterragem da estrutura também será no mesmo local, em Praia Grande. O projeto é desenvolvido desde 2014.
De acordo com o gerente de parcerias de desenvolvimento de infraestrutura de internet para a América Latina da companhia, Cristian Ramos, a estrutura tem aproximadamente 390 quilômetros de extensão. No outro extremo, a estação está instalada no Praia da Macumba, na capital fluminense.
O objetivo, segundo Ramos, é o de suprir demanda e ampliar a infraestutura digital na América do Sul, possibilitando também a transmissão de dados mais eficiente e segura. “Mesmo em tempos de crise econômica, a demanda no Brasil por soluções digitais rápidas e confiáveis não para de crescer”, disse, em nota.
No primeiro semestre de 2016, os estudos para instalação do cabo na costa paulista foram barrados temporariamente pela Marinha do Brasil. Na ocasião, ausência de documentos por parte das empresas estrangeiras que compõe o projeto foram os impeditivos apontados pelos técnicos do Ministério da Defesa.
O Google, entretanto, afirmou que a instalação está em andamento e a previsão é de entregar o sistema até o final do segundo semestre. O cabo foi apelidado de Junior, em homenagem ao pintor e desenhista brasileiro José Ferraz de Almeida Júnior (1850-1899). O valor total investimento não foi informado.
Ainda segundo a empresa, o Junior vai se interligar a outros dois cabos submarinos, ainda em estudo. Ao Norte, chamado de Monet e com 10 mil quilômetros de extensão, o ligará a Fortaleza (CE) e a Boca Ragon, na Flórida (EUA). Ao Sul, o Tannat, com 2 mil quilômetros, de Praia Grande a Maldonado, no Uruguai.
De acordo com dados do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, atualmente, oito cabos submarinos de dados interligam o Brasil a outros países. Sete desses equipamentos estão direcionados aos Estados Unidos e somente um, com capacidade inferior aos demais, para a Europa.