Os números das ocorrências policiais mostram o crescimento desenfreado da criminalidade e como está cada vez mais difícil sentir-se seguro.
Mato Grosso do Sul figura como uma das principais rota do crime. É a porta de entrada para drogas, armas e produtos contrabandeados provenientes do Paraguai e da Bolívia. Por isso, os governos federal e estadual deveriam ter política de segurança mais contundente no Estado. Infelizmente, o aparato empregado está aquém da real necessidade. Os números das ocorrências policiais mostram o crescimento desenfreado da criminalidade e como está cada vez mais difícil sentir-se seguro.
De janeiro a novembro deste ano, 3,9 mil veículos foram furtados ou roubados em Mato Grosso do Sul. São mais de dez casos por dia no Estado. Na maioria, carros encomendados por facções criminosas, levados para os países vizinhos e que serão usados para contrabando ou tráfico. A fragilidade na fiscalização de rodovias facilita o deslocamento dos criminosos, que conseguem chegar ao Paraguai ou Bolívia sem contratempos.
Este é apenas um exemplo da versatilidade dos bandidos, que aproveitam todas as brechas para agir. Nos últimos meses, aconteceram vários roubos a agência dos Correios e bancos em pequenos municípios de Mato Grosso do Sul.
Diariamente são registrados roubos de celulares, equipamento de grande importância das facções, que conseguem comunicar-se livremente com os membros do grupo, mesmo dentro dos presídios. A expansão das ações desses bandos também desencadeiam crescimento nos índices de homicídios, estupros e exploração sexual, além do recrutamento de jovens e adolescentes.
Com efetivo defasado, a polícia faz trabalho hercúleo e praticamente impossível em tentar conter o crime, em área de 14,8 mil quilômetros de extensão fronteiriça, sendo 44% de área seca e 56% de rios, lagos e canais. Os scanner que poderiam estar sendo usados para fiscalização de veículo nas estradas, ficaram na promessa.
Espera-se o prometido legado da Olimpíada, viaturas e portais de detecção de metais que serão enviados aos estabelecimentos penais. Logicamente, é uma ajuda, mas não a solução para o problema. As políticas de segurança adotada pelos governos federal e estadual continuam inócuas, mesmo diante da evidente vantagem que o crime organizado leva.
Ontem, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) publicou mapa do narcotráfico nas regiões de fronteira. Novamente, Mato Grosso do Sul figura com lugar de destaque, assim como a fragilidade no esquema de segurança nos estados próximos do Paraguai e da Bolívia. Dos 41 municípios pesquisados na região Centro-Oeste, 12% não tem presença das polícias Federal, Rodoviária Federal, Civil, Militar ou destacamento da Força Nacional.
É evidente, e urgente, a necessidade de se mudar a estratégia de ação. É preciso trabalho conjunto entre as polícias e maior investimento em segurança. O governo federal precisa rever a estratégia de combate ao crime nas regiões de fronteira do País. As operações conjuntas, adotadas em períodos específicos, deveriam ser recorrentes. Enquanto as medidas forem paliativas, não haverá resultado efetivo.