Foram dias, meses, anos de trabalho árduo. Para alguns, porém, o sonho chega ao fim às vésperas da consagração. No momento em que uns se preparam para a principal competição de suas vidas, outros são barrados à porta. Nas últimas semanas, com a divulgação da lista final dos convocados para os Jogos do Rio, foram vários os lamentos de quem não vai viver a emoção olímpica em casa. Não há, no entanto, outro jeito. Os cortes são necessários, e tudo o que se pode fazer é tentar diminuir o trauma.
A reação ao corte nem sempre é tranquila. Na última semana, após a lista final de Bernardinho, Murilo anunciou o fim de sua carreira na seleção de vôlei. A despedida, aos 35 anos, era esperada para depois dos Jogos do Rio, mas foi antecipada devido à ausência no grupo que vai em busca do ouro. Camila Brait tomou a mesma atitude, mas os motivos foram bem diferentes. Após seu segundo corte às vésperas de uma Olimpíada, a jogadora de 27 anos, através de uma rede social, comunicou aos fãs que não jogaria mais pelo Brasil.
Responsável pelos cortes, José Roberto Guimarães não quis prolongar os problemas de um momento traumático. Há, no entanto, trabalho a fazer. Como lidar com o grupo que fica? Em meio ao choro de quem sai, o treinador tenta manter o foco no objetivo principal: o ouro olímpico. Em Londres, funcionou. Antes de brigar pelo bi, teve de lidar com o corte de Fabíola, feito na sala da Polícia Federal do Aeroporto de Guarulhos, pouco antes dos Jogos. Agora, com Brait, vive o mesmo trauma.
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– Eu acho que a parte emocional tem uma importância enorme em todos os sentidos. Mas não vejo uma coisa sem estar ligada a outra. As partes física e técnica estão ligadas muito à parte emocional, como você está sentindo e vendo o grupo, a performance, como as jogadoras estão encarando esse desafio. Tudo isso demonstra a composição do time e como podemos trilhar o melhor caminho. O que a gente procura fazer é apoiar. Elas sentem. Até os fatos do maridos serem cortados. Elas estão vivendo o problema, já viveram em outras oportunidades. A Dani (Lins) já foi cortada algumas vezes. Lógico que nada como o tempo. Vai colocando as coisas em seu devido lugar. Elas sabem que precisam focar e fazer da melhor forma possível. Apesar de vê-las triste de vez em quando, quando chegam ao treinamento, elas esquecem. Quando a bola sobe, estão focadas – afirmou o treinador.