Delcídio teria recebido quase R$ 50 milhões de propina

Até o momento, o senador Delcídio do Amaral (PT) é acusado de receber US$ 12,5 milhões de dólares ou R$ 49,75 milhões de reais — valor corrigido da última sexta-feira (18) —, em propina decorrente de contratos da Petrobras. O repasse do dinheiro foi revelado por dois delatores: o lobista Fernando Soares, o Baiano, e o ex-diretor da estatal, Nestor Cerveró. Preso há 26 dias por tentar atrapalhar a investigação da Operação Lava Jato, Delcídio deve passar o Natal na sede do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar do Distrito Federal (BPTrans).

A compra da refinaria de Pasadena, dos EUA, rendeu ao senador US$ 1,5 milhão de dólares. Essa propina foi confirmada por Cerveró e Baiano em depoimento à Polícia Federal. O acordo era para que Delcídio abocanhasse US$ 2,5 milhões de dólares, mas Cerveró ficou lhe devendo US$ 1 milhão, valor este que foi negociado com a UTC Engenharia para ser repassado como doação eleitoral, na campanha do petista para o cargo de governador de Mato Grosso do Sul em 2006. Naquele ano, curiosamente Delcídio recebeu da empreiteira, R$ 700 mil, segundo valor declarado à Justiça Eleitoral.

Outro delator da operação, o Fernando Baiano, tem uma versão parecida com a de Cerveró. Segundo ele, Delcídio teria ficado com uma “comissão” de US$ 1,5 milhão referente à compra de Pasadena.  Ao todo, o negócio da refinaria rendeu US$ 15 milhões em propina para funcionários da Petrobras. Realizado em 2005, o contrato causou um prejuízo de US$ 792 milhões para a estatal, conforme o Tribunal de Contas da União.

(*) A reportagem, de Tavane Ferraresi, está na edição de hoje do jornal Correio do Estado.