A chuva frequente neste começo de ano agravou um perigo comum de Norte a Sul do país: os buracos no asfalto. Em Campo Grande, os moradores inventaram formas de proteger os motoristas.
Revoltado, o rapaz desceu do carro numa das avenidas mais movimentadas de Campo Grande e, com um cone nas mãos, alertou os outros motoristas sobre o perigo. Os motoristas usaram mais um cone e até uma cadeira para evitar acidentes.
“Arrebentei dois pneus do meu carro nesses buracos, um absurdo”, diz a motorista.
É uma surpresa a cada rua. Buracos surgem de um dia para o outro. Mais de 70% das ruas de Campo Grande têm algum problema no asfalto. Em 2017, a prefeitura disse que tampou mais de 200 mil buracos. Em janeiro, mais 20 mil foram recuperados. Mas o problema continua.
“Na minha rua em 2017 foram tapados os buracos que agora eu estou tapando de novo”, diz Ari Fialho, que é engenheiro agrônomo.
O seu Ari comprou cimento, terra e tampou 30 buracos em uma semana.
Irritados, os moradores da cidade dão um jeito de alertar quem passa: tem caixa de isopor no meio da rua, galhos para obrigar a reduzir a velocidade. A pequena estaca com um pano vermelho mostra que ali o asfalto cedeu. Sinalizações bem inusitadas: já pensou dar de cara com uma cadeira no meio da rua?
“Normalmente a gente vê galho de árvore, mas cadeira?”, pergunta a jornalista Ligia Baraldi.
João é mecânico e conserta pelo menos quatro rodas por semana. A filha dele, Natália de 17 anos, está com sequelas neurológicas depois de cair de moto ao passar por um buraco que não tinha qualquer sinalização.
“A moto pulou quando ela passou no buraco, ela perdeu o equilíbrio e caiu da moto”, conta Rodrigo Torres, namorado de Natália.
A prefeitura contratou quatro empresas para tapar buracos e vai gastar mais de R$ 34 milhões. Mas com a chuva o serviço para, o perigo aumenta e os buracos viram armadilhas. Um motorista foi estacionar e o carro ficou pendurado.
O dono do guincho disse que um dia antes tirou outro carro que caiu no mesmo lugar.
“Toda hora é pneu estourado, carro no buraco, prejuízo está sendo grande”, contou o motorista Álvaro Medina.