Emprestado ao River, D’Ale chora e se despede do Inter: “Não é fácil”

Os quase oito anos de conquistas, idolatria junto à torcida e algumas polêmicas da “era D’Alessandro” no Inter chegaram a um capítulo derradeiro – e emblemático – nesta quarta-feira. Em entrevista coletiva na sala de conferências do Beira-Rio, o presidente Vitorio Piffero confirmou a saída do gringo para retornar ao River Plate, clube que o revelou na Argentina, por empréstimo até o final do ano. Assim, confirmou de forma oficial a informação que sacudiu os bastidores do Colorado durante as primeiras horas do dia.

Emocionado, D’Alessandro logo falou da transferência e não segurou o choro. Chegou a interromper o pronunciamento, com mãos no rosto, mas seguiu.

– Não é fácil para ninguém. São sete anos e meio de ter convivido com pessoas que me ajudaram muito. Fizeram que eu fosse um atleta e pessoa melhor, é um clube que me deu tudo. E eu tinha o pensamento que o tempo ia passando e eu queria sair bem, não queria que ninguém estragasse minha história, o momento certo para dar uma parada e fechar uma história muito bonita. O que passei aqui no clube não tem comparação com nada – discursou.

Entrevista coletiva de despedida de D'Alessandro (Foto: Eduardo Deconto)
Entrevista coletiva de despedida de D’Alessandro (Foto: Eduardo Deconto)

Na despedida, ao menos temporária, D’Ale procurou valorizar os funcionários do clube e relação com a torcida. O tempo todo, citou do carinho e respeito que tem pelo Inter, assim como para o River Plate.

– É muito difícil passar pelo vestiário e me despedir dos empregados. Uma coisa que eu sempre valorizei e tentar manter foi essa relação com os funcionários do clube. São os caras que nos ajudam dia a dia e, emocionalmente, me deixam muito tranquilo. O D’Alessandro não é só um atleta de futebol.  Deixou alguma coisa como pessoa nesses sete anos e meio e isso me dá muito orgulho – prossegue.

Multicampeão pelo clube, com direito a título da Copa Sul-Americana, em 2008, e da Libertadores, em 2010, D’Ale terá a chance de se despedir da torcida na noite desta quarta-feira. O argentino seguirá concentrado e, segundo ele, será opção para Argel para a partida das 21h45 diante do São José, no Passo D’Areia, pela 2ª rodada do Gauchão. O duelo é válido ainda como a final da Recopa Gaúcha – competição inédita no museu colorado.

– Eu estou disponível para o treinador. Ele que vai decidir – completa.

Inter e D’Alessandro acertaram as pendências com base no valor do dólar na data na qual a dívida deveria ter sido paga. Por exemplo: se o clube devia “x” em dezembro de 2014, esse montante foi convertido para o montante da moeda americana na data.
O gringo é fruto das categorias de base do River Plate e inicou sua carreira pelos “Millonarios”, em 2000. O meia permaneceu em Nuñez durante quatro temporadas, e conquistou o Campeonato Argentino por três vezes, até se transferir ao Wolsfburg, da Alemanha. Na Argentina, o camisa 10 ainda defendeu o San Lorenzo, que também tentou sua contratação ao final de 2015, durante seis meses, antes de chegar ao Inter,em 2008.

A “era D’Alessandro”  chega ao fim com saldo mais do que positivo. O gringo chegou ao clube em meados de 2008. Logo em sua primeira temporada, sagrou-se campeão da Copa Sul-Americana. Um início com o pé direito para quem conquistou ainda o Campeonato Gaúcho por seis vezes em quase oito anos e chegou ao ápice no Colorado ao erguer o bicampeonato da Libertadores de 2010. O currículo em Porto Alegre ainda abriga uma Recopa Sul-Americana, em 2011, e a Copa  Suruga, em 2009. O argentino disputou 340 partidas e anotou 78 gols pelo Inter.