As gestões do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), apresentam números diferentes para as mortes no trânsito em São Paulo e não disponibilizam informações mais detalhadas sobre os casos. Apenas em 2015, a diferença entre os dois balanços foi de 127 mortos.
Apesar de inúmeros pedidos do G1 via assessoria de imprensa e por Lei de Acesso à Informação, os dois governos não informam os números dos boletins de ocorrência (BOs) onde as mortes foram registradas, os nomes das vítimas e o número do RG. Sem qualquer indicação da identificação das vítimas e do registro, não é viável comparar os balanços e checar possíveis erros no registro das mortes e se há casos de notificações acima ou abaixo da realidade. Para especialistas, há prejuízo à transparência na negativa da divulgação dos dados.
O governo de São Paulo não forneceu os dados solicitados pelo G1 e não explicou por que, contrariando a Lei de Acesso à Informação, de 2011. Já a Prefeitura alegou se tratarem de informações pessoais das vítimas que não podem ser divulgadas. Nenhum dos dois forneceu dados quando a equipe de reportagem solicitou o levantamento não pelo nome das vítimas, mas sim pelos números iniciais e finais do CPF, de modo a não identificá-las.
As divergências entre os balanços do estado e da prefeitura ficaram mais claras a partir de fevereiro, quando a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) lançou o Infosiga SP, com dados de mortes no trânsito nas cidades paulistas. O levantamento mostra que foram 1.119 óbitos no trânsito da capital em 2015, o que representa 13% mais que os 992 contados pela Prefeitura.
A divulgação dos números da criminalidade pelo governo de São Paulo é polêmica. A gestão Alckmin chegou a determinar em fevereiro o sigilo dos BOs por 50 anos, mas voltou atrás após críticas e lançou um portal da transparência com 64 mil boletins. O site, porém, não inclui todas as mortes e omite os relatos de como elas ocorreram.