O juiz Sérgio Moro determinou na quarta-feira (10) que o pecuarista José Carlos Bumlai volte para a cadeia. Ele foi preso na 21ª fase da Operação Lava Jato e estava em prisão domiciliar desde março deste ano devido a um tratamento contra um câncer na bexiga. Moro considerou que o pecuarista representa risco à investigação e que o estado de saúde dele é estável. Bumali deve se apresentar à Polícia Federal (PF), em Curitiba, na terça-feira (23).
O pecuarista foi detido em novembro de 2015, na etapa da Lava Jato que recebeu o nome de “Passe Livre” devido à amizade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo os investigadores, Bumlai tinha trânsito livre no Palácio do Planalto.
Bumlai é acusado de ter contraído um empréstimo fraudulento no Banco Schahin de R$ 12 milhões em 2004. O destinatário final do dinheiro, segundo o Ministério Público Federal (MPF), foi o Partido dos Trabalhadores (PT).
Réu na Lava Jato, o pecuarista responde pelos crimes de corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro.
Na avaliação de Moro, o quadro que permitiu a prisão preventiva de Bumlai em 2015 se agravou considerando que ele foi denunciado por obstrução à Justiça, em Brasília. Lulax, o ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), o ex-chefe de gabinete de Delcídio Diogo Ferreira, o banqueiro André Esteves, o advogado Édson Ribeiro e o filho do pecuarista Maurício Bumlai também são réus nesta ação penal.
“Então o risco à instrução e à investigação que motivou a preventiva não só é atual, como foi reforçado. O mesmo pode ser dito em relação ao risco à ordem pública, já que a tentativa de obstrução à Justiça também representa reiteração delitiva, embora por crime de diferente espécie”, argumentar Moro. Em novembro, Bumlai tinha sido preso preventivamente, ou seja, por tempo indeterminado.
Moro citou no despacho outras suspeitas que recaem sobre o pecuarista, como suposto pagamento de propina por intermediações de negócios junto à SeteBrasil e à Petrobras me pagamentos a empresas de intermediadores de propinas em contratos da estatal.
O juiz ainda elencou o recebimento de empréstimos milionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco BVA e o envolvimento em reformas e benfeitorias no Sítio de Atibaia em circunstâncias igualmente suspeitas.