É bom que se alevante que o governo venezuelano não acredita na liberdade e não tem o menor respeito pelos princípios republicanos, que se traduzem no governo de um Estado em que se tem em vista o interesse geral de todos os cidadãos. Sim, o Brasil poderia ter sido uma Venezuela, se continuássemos com receituário populista de Lula e Dilma. Infelizmente, estaríamos nos enveredando pelo mesmo caminho desastroso da Venezuela. Se a Venezuela sucumbiu, o Brasil poderia ter encontrado o mesmo caminho.
Num perfunctório lance d’olhos, vamos demonstrar o receituário venezuelano? “Foi promovida a mais elevada onda de estatização. Orgulhou-se de botar para correr empresários que defendiam a iniciativa privada; passou a controlar 80% de telefonia fixa, 45% do bancário e 40% do varejo de alimentos. Cassou a licença de emissoras da tevê, censurou jornais e perseguiu repórteres. Estima-se que mais de 70% dos venezuelanos vivam a pobreza. O índice é equivalente ao de países miseráveis como a Somália. A população não tem o que comer e falta água. Nas favelas, as torneiras estão secas desde o ano passado. Os produtos da cesta básica sumiram das gôndolas dos supermercados. Na semana passada, a capital Caracas reajustou os preços tabelados em mais de 1000%. Estima-se que, em 2016, a inflação venezuelana supere 700%. Será a mais alta do mundo”. (Revista Isto É, 1º/6/16).
Tem mais, ainda: Tanto Chávez (ainda no poder) como Maduro usam os instrumentos democráticos para acabar com a democracia. O chavismo é que organiza o seu próprio MST. O governo é que escolhe a fazenda a ser invadida, transporta os invasores até o local e garante com antecedência, em documento oficial, a desapropriação da área ocupada. Juntem-se a esse desgoverno medidas do mais elevado teor de cubanização da Venezuela: imprensa acuada, Judiciário cooptado, opositores exilados, economia estatizada, Legislativo domesticado, educação ideologizante e criação de milícias e grupos para intimidação de opositores. Outra realidade prende-se aos gigantescos desequilíbrios econômicos: produção de petróleo (redução de 42%), número de indústrias (redução de 48%), inflação anual de 700%, criminalidade (aumentou 180%), deficit habitacional (aumento de 190%) e gastos com militares (aumento de 180%). Inquestionavelmente, a dupla Chávez-Maduro, imbuída do mais áspero populismo, ressuscitou a pior das tradições políticas da América Latina.
Vamos agora, também, num perfunctório lance d’olhos, avaliar o governo da “impeachada” Dilma? Então, vamos lá: Só no 1º semestre/16, a Poupança sofreu saques de mais de R$ 24 bilhões; o Brasil tem 58,7 milhões de consumidores com dívidas em atraso; o País registra cerca de 53.000 assassinatos por ano, 143 por dia e 6 por hora; só no Rio de Janeiro, 140.000 servidores aposentados batalham para receber seus salários atrasados; os danos causados ao patrimônio da Petrobras pelo PT, chegam a 380 bilhões de dólares; ação coletiva de acionistas da Petrobras nos Estados Unidos pode custar à estatal R$ 400 bilhões.
Constata-se a suspensão de várias obras da mais alta relevância para o País; a indústria está praticamente estagnada; o crescimento está negativo, a inflação em 11% e o desemprego chegando a 11 milhões de brasileiros, enquanto a indústria automobilística conta com 40.000 trabalhadores com contratos suspensos temporariamente. A edição do jornal Correio do Estado, de 25/7/16, informa que o desemprego em alta faz disparar valor pago de indenizações em Mato Grosso do Sul. Só no corrente ano, 18,5 mil trabalhadores que recorreram à Justiça receberam o total de R$142 milhões. Acrescente-se ao quadro desolador da pátria amada a dívida pública brasileira ascendendo à cifra de R$ 2,88 trilhões, com juros para 2016 na ordem de R$ 32 bilhões.
Esse é o quadro negro encontrado pelo governo provisório de Michel Temer. Como um grande constitucionalista que é, fundamenta na Constituição as questões jurídicas de seu governo. Como um legítimo estadista, Temer sempre se mostra ponderado, equilibrado e, sobretudo, com a mais elevada sobriedade a respeito dos assuntos governamentais. Assim como a sociedade brasileira, também, Temer acredita que a confiança no Brasil começa a renascer e que os investimentos estrangeiros somente aguardam a votação do impeachment de Dilma, já para o mês de agosto de 2016.
J.BANDEIRA Correio do Estado.