Paraíso em MS, um dos mais lindos lugares no mundo é paixão de família

Paraíso é pouco para descrever as belezas da Serra da Bodoquena, em Mato Grosso do Sul. As águas são cristalinas, os vales impressionam e as grutas guardam segredos de milhares de anos. Os municípios de Bonito, Bodoquena e Jardim compreendem essa região e estão a pouco mais de 230 km de Campo Grande, em um recanto que atrai milhares de turistas de todo o mundo, da Argentina à Finlândia.

Mergulho no Rio da Prata (Foto: Ivan Cavas)
Mergulho no Rio da Prata (Foto: Ivan Cavas)

Quando a família Coelho descobriu um pedaço desse paraíso na década de 70, no munícipio de Jardim, um dos filhos do patriarca se apaixonou instantaneamente pelo local. Hoje, transformado em Recanto Ecológico do Rio da Prata, o atrativo turístico recebeu só em 2015, 38 mil pessoas, um recorde comparado aos outros anos.

“Meu avô comprou o Recanto em 1978 e o primeiro passeio foi aberto em 1995. O antigo proprietário não tinha um interesse com o turismo, plantava soja, chegou a extrair árvores próximas ao rio e pescava, por exemplo. Desde que assumimos, retiramos essas atividades da fazenda”, afirma a diretora de sustentabilidade do Recanto, Luisa Coelho, 31 anos.

Foi o pai dela, Eduardo Coelho, o filho que se apaixonou pela fazenda. “Quando ele viu pela primeira vez o local percebeu o potencial da fazenda. Naquela época ainda não existia um turismo segmentado em Mato Grosso do Sul, mas ele sabia que pessoas do mundo todo iriam querer ver aquilo”, diz Luisa.

A diretora ressalta que ainda na década de 90, o turismo em Bonito começava a se desenvolver. O Rio da Prata fica em plena divisa entre Jardim e Bonito, por isso durante muitos anos foi o nome da cidade mais famosa que o grupo acolheu para divulgar o espaço.

A horta orgânica que fica no recanto (Foto: Franciane Martins)

A horta orgânica que fica no recanto (Foto: Franciane Martins)

Almoço típico do Recanto (Foto: Franciane Martins)

Almoço típico do Recanto (Foto: Franciane Martins)

“Hoje, usamos tanto Jardim quanto Bonito. A fazenda sempre foi tocada pelo meu pai e minha mãe. Nós aprendemos, eu e minha irmã, a trabalhar desde cedo ajudando no que fosse possível. Foi umtempo de muito trabalho, de ajudar na limpeza, eu acho que aproveitei pouco o Rio da Prata quando criança, sempre estávamos voltados para o turista”, acredita Luisa.

Nem se compara a farra que o filho dela faz quando visita o Recanto. “Ele já aproveita muito mais. Se diverte, brinca, conhece tudo. Hoje, o meu trabalho é outro. Desde a adolescência quando precisei escolher uma faculdade pensei em algo relacionado ao meio ambiente. Primeiro foi biologia, mas meu pai sugeriu a engenharia ambiental pela abrangência. Sempre quis trabalhar no Recanto”, confessa.

O passeio é um dos mais famosos da região. Começa com uma trilha de 1 hora de duração até a nascente do Olho D’água. De lá, o grupo faz flutuação de 1h30 de percursso até o Rio da Prata. “No Rio da Prata é possível fazer o mergulho de cilindro, com profundidade de até 10 metros”, descreve.

Flutuação na Lagoa Misteriosa (Foto: Marcelo Krause/Recanto Ecológico do Rio da Prata)

O almoço é incluso no passeio e o menu é assinado pelo chef de cozinha premiado internacionalmente, Paulo Machado. Os alimentos são plantados e colhidos em uma horta orgânica na própria fazenda. Tudo é feito de forma sustentável. “Buscamos medidas que diminuem o impacto ambiental no Recanto. A água é reaproveitada, os alimentos são plantados lá. Temos 2 hectares de batata doce, por exemplo. Agora, vamos criar uma granja de galinha caipira. Sempre estamos pensando em ações desse tipo. É trabalhoso no início, mas a recompensa chega rápido”, acredita Luisa.

Além do Recanto do Rio da Prata, a família Coelho é responsável por outro atrativo famoso no mundo, a Lagoa Misteriosa. Sem profundidade definida, por enquanto, a lagoa tem até 220 metros. “Mas ninguém sabe no total. Acreditamos que ela possa nem ter fim, ela é um caverna com origem freática que pode ser formada de diversos túneis, onde seria impossível medir o fim”, indica.

Lá, é possível fazer o mergulho com cilindro. “A melhor época para o passeio é no inverno, de junho a julho, onde a visibilidade da água é ideal”.

Para os que não gostam tanto de emoção, uma opção também da família é a Estância Mimosa, conhecida pela tranquilidade, com passeios de cavalo e gastronomia exemplar.

Com tanto paraíso sobre a responsabilidade da família, questiono como é para Luisa ser dona de tudo isso. “A gente tem uma sensação de que a gente tem que proteger, porque é uma beleza única que merece ser preservada e o turismo propicia essa preservação porque traz recurso para poder investir na área. O turismo controlado através da visitação organizada, ela é organizada porque tem um limite de visitantes e os visitantes são divididos em pequenos grupos com guia de turismo e em locais demarcados. O impacto ambiental fica restrito aqueles locais. Se não tivesse o turismo não teríamos recurso para investir R$ 40 mil em hora de trabalho de trator para trabalhar no vizinho”, explica, citando o projeto Amigos do Prata, que auxilia na realização de curvas de nível em fazendas vizinhas, para evitar erosão na região e consequentemente bancos de areia nos rios da região.

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Naiane Mesquita CAMPO GRANDE NEWS
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