“Ele merece”, disse Roberto Duarte, 25, vendedor em um quiosque na praia de Ipanema, onde Esteves tem um apartamento com vista para o mar. “Os ricos mandam neste país. Você não acha que ele tem ar-condicionado lá?”.
Independentemente de como Esteves esteja sendo tratado, só o fato de ele estar atrás das grades é o bastante para alguns. “Eu não diria que o Brasil está mudando, mas o país está mostrando uma cara nova”, disse Paulo Machado, 58, que trabalha com Duarte na praia de Ipanema. “Os ricos agora vão para a prisão, isso não acontecia antes”.
André Esteves, o impetuoso banqueiro que certa vez brincou que o nome de sua empresa, Grupo BTG Pactual, significava “better than Goldman” (“melhor que o Goldman [Sachs]”), é o mais recente executivo famoso arrastado pelo abrangente escândalo de corrupção do Brasil.
O bilionário de 47 anos foi preso em 25 de novembro no Rio de Janeiro juntamente com o senador Delcídio Amaral. Esteves teria tentado um acordo com Amaral para interferir no depoimento de um ex-executivo da Petrobras que está preso, segundo um documento judicial.
Esteves causou sensação no cenário financeiro internacional –e se tornou o mais jovem bilionário do Brasil a construir sua própria fortuna– quando vendeu o Pactual ao UBS por US$ 2,6 bilhões em 2006.
Ele e seus sócios compraram a empresa de volta três anos depois e iniciaram uma expansão, abocanhando negócios como a unidade suíça de banco privado da Assicurazioni Generali SpA. A empresa vendeu ações ao público em 2012.
“Ele simboliza a ideia de uma geração seleta, bem-sucedida e empreendedora de banqueiros brasileiros –é isso que ele representa”, disse Felipe Monteiro, professor de estratégia da Insead, na França. Seu suposto envolvimento “com a vertente mais clássica da velha política é um tanto estranho”.