Subiu para dez as regiões brasileiras que se juntaram ao pacto interestadual de segurança pública integrada, modelo de gestão criado com a intenção de reforçar o policiamento nas fronteiras, a de Mato Grosso do Sul uma delas. A informação foi divulgada na última sexta-feira (19),.em Bonito, onde ocorreu o Fórum de Governadores Brasil Central.
Na prática, isso significa que, além do governador do Distrito Federal, nove governadores de Estados vão pressionar o Governo Federal por investimentos no combate ao tráfico de drogas e armas, principalmente, em regiões como fronteira com o Paraguai e a Bolívia. Uma das estratégias dos governadores é mobilizar o Congresso para tirar a ideia do papel.
Atua agora na corrente pela segurança na fronteira os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Tocantins, Maranhão, Distrito Federal, Minas Gerais, Bahia e Amazonas. Antes do evento em Bonito, onde também se discutiu programas econômicos, eram cinco às regiões interessadas em projetos ligados à segurança na fronteira.
Muro tecnológico
O governador de MS, Reinaldo Azambuja (PSDB), um dos mais entusiasmado com o pacto federativo, inédito em se tratando de proteção terrestre de fronteira, disse que defende a proposta por razões óbvias: “não somos [Brasil] produtores de cocaína nem de maconha. Qualquer país que cuida de sua fronteira usa as forças federais. E a segurança em nossas fronteiras está desestruturada há tempos, por isso que precisamos criar um pacto pelo desenvolvimento de segurança”, disse Azambuja.
A grande aposta do governador sul-mato-grossense é a implantação do Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras).
Esse sistema, já trabalhado em MS como plano piloto desde 2014, é composto por aparatos tecnológicos capazes de vigiar toda a faixa de fronteira por meio de veículos aéreos não tribulados, por exemplo. Daí o nome de muro tecnológico.
“Hoje temos várias torres instaladas [em MS entre as cidades de Mundo Novo e Bela Vista]. São aparelhos monitorados via satélite. O que não pode é contingenciar os recursos”, opinou Azambuja.
O Sisfron tem sido debatido no Brasil desde 2013 e foi desenvolvido pelo Exército. Em fevereiro deste ano, o projeto, mesmo sem funcionar, foi mostrado em evento promovido em Dourados, a países estrangeiros, como os árabes.
Naquele mês, o governo federal já divulgava a dificuldade financeira em por logo o plano em ação.
Informações do Exército revelam que o Sisfron deve agir, por completo, em toda a faixa de fronteira do país, extensão de 17 mil quilômetros. A fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia mede 386 km; com o Paraguai, 1.131 km.
Dinheiro
O Secretário de Estadual de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa, disse que o Estado vai cobrar também do governo federal um repasse mensal de R$ 11 milhões. O valor, segundo ele, equivale ao que ao MS gasta com presos que deveriam estar sob custódia federal.
“Dos 15 mil presos aqui no Estado, 6 mil, ou 40% da população carcerária, foram detidos por crime ligados ao tráfico de drogas e cuidar disso não seria tarefa nossa”, afirmou o secretário.
Celso Bejarano