violência tem deixado moradores de comunidades da Região Metropolitana do Rio no escuro, pois funcionários da Light não estão conseguindo fazer a manutenção da rede de energia por causa de ataques de bandidos e da criminalidade.
Entre janeiro e abril desse ano já foram 133 interrupções de energia no Rio por causa de tiroteios e isso afetou mais de 40 mil clientes. “A população desses locais fica horas e horas e horas sem energia porque você não consegue entrar nas comunidades em função desse cenário da violência”, explica o diretor de engenharia Dalmer de Souza.
A Agência Nacional de Energia Elétrica considera a área de concessão do Rio de Janeiro como a segunda mais complexa do Brasil, só perdendo para o estado do Pará. A diferença é que no Pará é o acesso a alguns locais que é difícil, porque muitas vezes só se chega de barco e no Rio é o crime que impõe barreiras.
Esse prejuízo é pago por todos nós, nas contas de luz. Quando tem tiroteio nas comunidades e um poste ou um transformador é atingido, o custo disso vai para a conta de luz. A mesma coisa acontece quando algum caminhão da concessionária de energia é queimado por bandidos.
Uma conta de luz no valor de R$ 70,78, por exemplo, poderia ser 17% mais barato. Se não fosse a violência no Rio, essa mesma conta custaria R$ 58,74.
“Nos primeiros meses desse ano, somente no complexo do Alemão, do Chapadão e da Maré, nos tivemos um gasto adicional de mais de meio milhão de reais repondo ativos que são danificados em função do tiroteio”, diz Dalmer.
Cerca de 850 mil consumidores da Região Metropolitana vivem em regiões consideradas de risco pra Light fazer qualquer tipo de serviço. Então não tem jeito, os técnicos da empresa precisam estar preparados para tudo.
“Somos roubados, somos humilhados, geralmente colocados pra correr, em diversos lugares, e isso acontece com uma frequência diária. Todo dia, com bandido, com traficante, com milicianos, todo dia é uma experiência diferente. Como aconteceu uma vez comigo, o cara deu um tiro na parede, mandou eu descer do cesto. Às vezes a gente para pra pensar assim: “pô, eu tenho que sair daqui. Porque eu estudei, a gente estudou pra isso, pra trabalhar nesse ramo, e infelizmente a gente fica à mercê dessas coisas”, diz um técnico da empresa
Na semana passada, eletricistas de uma empresa que presta serviços à light foram rendidos por bandidos no Parque Amorim, em Belford Roxo. Eles estavam fazendo manutenção na rede quando os criminosos chegaram e pediram que eles abandonassem o caminhão da concessionária. Minutos depois, os bandidos queimaram o carro.
Isso tudo aconteceu durante o dia, que é o período que muitos eletricistas trabalham. À noite, em vários pontos da região metropolitana, os funcionários nem podem ir. “Pelo menos eu, costumo me apegar muito à fé. Faço, antes de sair, faço minha oração, e peço a deus mesmo pra que ocorra tudo bem, pra que a gente consiga voltar pra casa são e salvo”, disse o técnico.